Até o momento, não há organismo vivo capaz de escapar a um ciclo que fatalmente nos acompanha: nascimento, vida e morte. Sendo um ciclo, no entanto, o processo se repete, e cada fim nos brinda com um novo começo, um renascimento. Das celebrações de novos inícios, talvez a mais antiga e tradicional seja a deste domingo, a Páscoa. Historicamente, a origem da data remete a festividades de séculos antes do nascimento de Cristo, em comemoração ao fim da escassez do inverno e ao (re)início da primavera. Na tradição cristã, a Páscoa celebra uma “passagem” (Pessach), o renascimento de Jesus Cristo e sua ascensão aos céus.
Independente de crenças ou descrenças, essas simbologias falam de nós na medida em que ciclos de morte e renascimento constituem nossas próprias vidas. A adolescência nada mais é que a morte da infância, e a vida adulta a da juventude. Morremos um pouco a cada derrota, a cada perda. Ao morrer e renascer, deixamos o passado e recriamos o presente. Decretamos o fim de uma etapa e nos abrimos para o novo - novos comportamentos, conceitos, pensamentos.
Renascer é, portanto, permitir o surgimento de uma nova versão de nós mesmos. Revivemos, de certa forma, mais forte, resistentes, resilientes. Assim como um amanhecer é sempre diferente do anterior, jamais retornamos ao que um dia fomos.
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