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Foto do escritorDyane Lombardi Rech

A Face Virtuosa da Vergonha

Diferentemente da culpa, que ocorre quando nos sentimos mal por algo que fizemos ou dissemos, a vergonha nasce de um mal-estar simplesmente por sermos. Aflitos, nós nos enxergamos merecedores de rechaço ainda em pensamento, antes de qualquer ação.

Por seu caráter paralisador, quando envergonhados não permitimos a aproximação, física ou afetiva, de outras pessoas. Ficamos assustados e fugimos de situações sociais. Com vergonha, evitamos intimidade e abertura nos relacionamentos, que acabam prejudicados. Em casos mais graves, esse sentimento alimenta vícios - álcool, drogas ilícitas, jogos, compras - como fontes de fuga da hostilidade sentida por si próprio, aumentando a vergonha e gerando, um ciclo vicioso.

Assim como todas as outras emoções, a vergonha também está diretamente ligada à nossa saúde e ao bem-estar. Embora possa trazer prejuízos importantes quando não administrado, esse sentimento é associado à presença de valores de vida. A vergonha é parte fundamental do funcionamento humano, contribuindo para o autocontrole e para a prática da moralidade. De acordo com pesquisadores, a emoção também possibilita o florescimento humano e espiritual, fazendo-nos mais sensíveis ao que ameaça nossos valores e nossos relacionamentos.

Ajustar os níveis de vergonha não significa repetir na frente do espelho o quanto somos maravilhosos. Exige, ao invés disso, abandonar a ideia de pureza e tomar consciência da imperfeição de todo ser humano quando olhado de perto. O problema não está em observar nossas falhas, mas em acreditar que existe um padrão de qualidade a ser atingido que todos os outros já conquistaram exceto nós. Podemos ser defeituosos, estúpidos e chatos, mas assim o são todas as outras pessoas do planeta, apenas em gradações distintas.




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