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Foto do escritorDyane Lombardi Rech

Fugir das Emoções Funciona?

Se pudéssemos escolher nosso repertório emocional, dificilmente incluiríamos sentimentos como dor, tristeza ou ansiedade. Ninguém quer deliberadamente sentir desconforto, e tudo em nossa cultura promove - e promete - felicidade: redes sociais, propagandas comerciais, livros de autoajuda, crenças religiosas e ideologias políticas.

A mensagem que recebemos desses meios é de que a felicidade deve ser valorizada e conquistada, enquanto sentimentos negativos precisam ser evitados. Com isso em mente, tendemos a recorrer, consciente ou inconscientemente, a diversas estratégias para evitar aflições.

Quantas vezes optamos por não pensar ou falar sobre um assunto potencialmente doloroso? Quantos fatos ignoramos ou distorcemos por não coincidirem com nossas crenças? Do hábito de evitar o desconforto, alimentamos vícios e compulsões. Bebemos, compramos, jogamos, limpamos e trabalhamos em excesso para esquecer, dispersar-nos, sentir-nos bem, amortecer os sentidos.

Apesar de sedutora, essa está longe de ser a melhor estratégia de enfrentamento de sensações indesejadas. Ignorar uma situação ou emoção dolorosa não vai fazer com que ela deixe de existir. O que chamamos em psicologia de ‘evitação’ resulta na negligência de emoções e motivações internas importantes, que falam muito sobre nosso funcionamento emocional, comportamental, psicológico e social. Insistindo em não olhar fundo dentro de nós mesmos, o resultado é apenas um: a perpetuação, e até mesmo agravamento, das condições que são constantemente evitadas.

A literatura científica já possui evidências empíricas de que a aceitação de emoções e experiências negativas - o oposto da evitação - possui vantagens em pacientes clínicos e na população em geral. Dentre os benefícios estão o aumento da saúde e bem-estar psicológicos, maior satisfação com a vida e a diminuição de sintomas de transtornos de humor (depressão e bipolaridade, por exemplo). Paradoxalmente, a aceitação contribui para mudar as emoções. Ao fim, uma vida realista parece ser mais significativamente promotora do bem-estar que uma vida irrealisticamente feliz.



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