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Foto do escritorDyane Lombardi Rech

Coronavírus e Saúde Mental

Há cerca de três meses, noticiários e conversas têm um foco quase exclusivo: coronavírus. Tamanha atenção acerca do assunto, de fato, não é à toa. A doença é altamente contagiosa e pode até mesmo ser letal.


Em meio a essa inundação de informações, no entanto, emerge uma série de sensações desagradáveis: incerteza, medo, ansiedade, depressão. Vivemos um luto coletivo. Lamentamos não apenas pelas vítimas do vírus, mas também pela nossa rotina, pelos contatos humanos, pelos planos realizados, pelas viagens, pelas finanças.


Vivenciamos mudanças radicais de forma abrupta e não passamos ilesos por elas. Circunstâncias adversas a exemplo de uma pandemia tendem a desequilibrar nosso sistema psicológico, aumentando os níveis de estresse e reduzindo nosso bem-estar. No entanto, assim como nosso corpo tenta voltar a um ponto de equilíbrio quando fica doente, a nossa mente também faz esforços para retomar sua homeostase (ou seja, seu equilíbrio) frente a abalos psicológicos.

Daí nossa urgência em modificar uma situação que não nos é prazerosa ou familiar. Dizemos “chega” porque desejamos retornar ao nosso estado de equilíbrio, à homeostase. Queremos, com razão, voltar às nossas rotinas, contatos e planejamentos. Viver novamente sem receio de abraçar nossos pais e avós, de irmos ao parque ou de encostar em maçanetas.

Pontos de equilíbrio, no entanto, são dinâmicos e estão sempre se modificando. O que hoje consideramos normal - padrões de trabalho, consumo e socialização, por exemplo - possivelmente não será visto da mesma maneira após o coronavírus. Da mesma forma, nós mesmos talvez não retornemos a velhos esquemas após este momento. Se vamos passar por estes abalos com menor ou maior sofrimento vai depender principalmente de um elemento fundamental: nossa flexibilidade psicológica, ou em outras palavras, nossa capacidade de aceitar situações que não podemos mudar e agir a partir do que a realidade nos mostra.

Enquanto o vírus não atende ao nosso basta, portanto, temos uma oportunidade preciosa (embora imposta) de exercitar nossa flexibilidade mental e autonomia emocional, de "alongar" nossas perspectivas. Somente assim - flexíveis, elásticos, resilientes - podemos diminuir nosso sofrimento quando passarmos por dificuldades que abalam nosso ponto de equilíbrio. Até lá, lembre-se: vai passar.

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