No filme Zelig (1983), Woody Allen faz uso da sátira para contar a história de Leonard Zelig, um homem com uma estranha habilidade: mudar sua aparência física conforme aqueles que o cercam (na presença de orientais, por exemplo, ele transforma-se em um oriental). Sem obter um diagnóstico dos médicos que tentam desvendar o mistério do “camaleão humano”, Zelig é submetido a sessões de psicoterapia a fim de esclarecer as razões do seu mimetismo. Em sessões de hipnose, Zelig confessa que tais transformações são uma tática para sentir-se seguro, pois tem medo de ser excluído.
Embora o filme trate do assunto de forma exagerada, esse fenômeno é observado em maior ou menor grau na nossa sociedade. Diante da insegurança e do desejo de aprovação, nos assemelhamos ao mundo externo. Seguimos tendências, imitamos traços, copiamos comportamentos. O pertencimento social é, de fato, uma das nossas necessidades psicológicas básicas. No entanto, é necessário que saibamos estabelecer limites às influências, reconhecendo e aceitando nossas forças e fragilidades. Do contrário, corremos o risco de perder um elemento fundamental no meio do caminho: nossa própria essência. Perdemos, em última análise, a possibilidade de dar ao mundo contribuições que somente nós podemos fornecer.
Ao contrário do camaleão, nossa sobrevivência depende mais da nossa individuação e autenticidade, que da capacidade de camuflar-se no meio da multidão.
top of page
bottom of page
留言